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A Campanha da Fraternidade deste ano fala sobre políticas públicas e tem como chamada um trecho bíblico do livro de Isaías que diz: “Serviço transformativo e construtivo de novas relações que possibilitem a participação de todos na construção de uma sociedade fraterna baseada no direito e na justiça.” (Is 1,27)
A CF 2019 tem como objetivo geral estimular a participação em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade.
Ora, o estímulo à cidadania, ao diálogo, o acompanhamento direto da atuação de nossos governantes tanto em âmbito executivo como legislativo, é algo fundamental para debatermos e fiscalizarmos as chamadas políticas públicas.
Mas alguns setores da igreja não entendem isso. Rezam,frequentam a missa, participam de pastorais e serviços, se dizem lideranças comunitárias, mas quando o debate se refere ao que diretamente afeta a vida das pessoas e que estão na pauta, como a reforma da previdência, atendimento público de saúde,  politica para idosos, falta de vagas em creches, falta de investimento na educação, insegurança, falta de vagas de emprego, violência e corrupção,  acabam dizendo que “isso não é assunto que se fale na igreja”.
Mas afinal de contas, o que de fato precisamos discutir sobre uma campanha da fraternidade que trata sobre politicas públicas, que não seja
o que atinge diretamente a vida das pessoas?
Não podemos ficar distantes da política e quando trato disso, não falo apenas em política partidária. Falo da construção de uma sociedade mais justa e igualitária, através da participação efetiva e fiscalizadora. Dialogar, participar, reunir, discutir é construir um mundo diferente. Isso se faz também através da política.
São João Paulo II afirmou que ” todos e cada um têm o direito e o dever de participar da política, embora em diversidade de formas, niveis, funções e responsabilidades”.  Ele quer dizer com isso, que todos nós devemos dedicar parte do nosso tempo e das nossas preocupações ao bem comum, ainda que de diversas formas e segundo diferentes vocações.
O texto-base da CF 2019 acrescenta ainda: “Assim, uns se dedicarão a atividades comunitárias, outros a sindicatos, grupos e associações, outros ao exercício de mandato político”(178)
Então, não é hora de ter medo, é hora de ter coragem.
Não é pecado discutir políticas públicas nos nossos grupos de igreja.
Não é o fim do mundo participar de forma efetiva da política, exercendo um mandato ou não.
Pecado mesmo é ficar omisso, calar diante de tantos desafios com a justificativa de quem alguns temas não são apropriados para um ambiente cristão.
O que de fato não  é apropriado para o ambiente cristão é a hipocrisia.

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